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Comunicação com adolescentes: como se aproximar sem invadir?

Se você é cuidador(a) e já passou por aquele canônico dia de acordar e sentir que seu filho não é mais a mesma criança alegre e carinhosa que você conhecia, mas sim um adolescência emburrado que pede distância, seja bem-vindo ao grupo de cuidadores de adolescentes! 

Já ouvi algumas vezes de pais, no consultório, que com a chegada da adolescência parece que há um estranho morando com você, um filho totalmente diferente daquele quando criança. Humor variando o tempo todo, quer distância dos pais e muitas vezes contestando várias regras impostas até o momento.

A adolescência é cheia de mudanças internas e externas, que impactam diretamente a convivência com as pessoas mais próximas. Se quiser saber mais sobre essas mudanças, indico a leitura do artigo “O que é a Adolescência Normal?” – é rápido e informativo.

Dialogar e manter a convivência com um(a) adolescente pode ser desafiador, mas não impossível. E a base disso é você realmente querer conhecê-lo. Vem que eu te explico melhor.

Como se aproximar sem invadir?

Proponho uma reflexão rápida: Lembre-se de quando você viveu a experiência de entrar em uma nova empresa para trabalhar. O ambiente todo era novo, as pessoas eram novas, a cadeira que você iria sentar o dia inteiro era nova, até o gosto do café era novo. E aí chegaram dois colegas te desejando boas-vindas. 

O primeiro começou a falar dos motivos pelos quais ele gosta da empresa, há quanto tempo trabalha ali e diz que o café é ótimo. 

O segundo te dá um aperto de mão, pergunta se você está se sentindo confortável na sua cadeira nova e se gostou do café.

De qual dessas duas pessoas você se sentiu mais confortável? 

Vou chutar que você escolheu o segundo colega. Acertei? E o motivo é um pouco óbvio: costumamos nos sentir acolhidos por pessoas que nos perguntam o que gostamos e não que “empurram” gostos próprios. E se você não estivesse gostando da cadeira ou do café? Tudo bem! Você perguntaria se é possível trocar a cadeira ou trazer o seu café de casa, por exemplo. 

É desta reflexão que quero que se lembre quando for conversar com seu adolescente. 

Para se aproximar sem invadir você precisa conhecer os novos gostos desta “nova pessoa”. Você quer que ele se sinta acolhido, confortável e respeitado, então pergunte o que ele gostaria de fazer no final de semana, o que gostaria de comer ou visitar. Saiba ouvir com atenção e sem julgamentos.

Mostre-se disponível para ouvi-lo e não obrigue-o a falar. O excesso de perguntas ou o tom de obrigação vai repelir seu adolescente…e não queremos isso!

Agora, se você sente que o distanciamento do seu adolescente está excessivo, ele pode estar passando por algo que apenas um profissional possa ajudar. Por isso, sugiro que desmistifique qualquer preconceito sobre procurar um psicólogo ou psiquiatra e mostre a ele que é sim uma opção possível consultar esses profissionais. Se você tem dúvidas sobre o assunto, indico também a leitura “Saúde mental na adolescência: normalidade ou sinal de alerta?”.

Dicas para conversar

Combinou de levá-lo a um lugar que ele goste? Agora prepare-se para um diálogo com 3 dicas que podem ser úteis.

1) Faça perguntas abertas

Se o adolescente que nunca topa nada topou sair com você, tome cuidado para que a felicidade de passar um tempo com ele não te deixe fazer um trilhão de perguntas por minuto rs. Seu objetivo é que ele se sinta confortável, então não deixe que ele se sinta sufocado. Faça perguntas mais abertas e deixe a conversa fluir. 

2) Faça apenas perguntas que você esteja disposto a ouvir as respostas

Se você não se sente preparado ou disposto a conversar sobre algum assunto específico, como sexualidade, por exemplo, não faça perguntas que levem ao assunto. Pode parecer óbvio, mas não é. Caso seja um assunto que você saiba que precisa conversar, sugiro que se prepare antes, seja conversando com amigos que já passaram pela mesma situação, seja procurando um profissional. 

3) Pergunte se pode ajudar

Caso seja ele te traga algum problema ou você sinta que há algum problema em algum assunto, no lugar de dar sua opinião, pergunte se você pode ajudar. Na maior parte das vezes, podemos ajudar mais deixando que ele resolva seu problema, do que invadindo sua privacidade e limpando a bagunça como se ele ainda fosse uma criança. 

Espero que a reflexão e as dicas tenham te ajudado. Se você ficou com alguma dúvida, ficarei feliz em receber vocês no meu consultório. Marque uma consulta!

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