Se a obesidade infantil é uma preocupação sua enquanto cuidador ou cuidadora, este texto é para você.
A obesidade é uma doença crônica e complexa, que reduz a expectativa de vida de um indivíduo. Apenas na última década, a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou um crescimento de 10 vezes no número de pessoas obesas entre 5 a 19 anos. Pelo seu intenso crescimento e impacto na saúde ao longo da vida, falar sobre obesidade infantil é fundamental para resguardar a saúde das novas gerações.
Sabemos que no contexto social pessoas gordas sofrem preconceitos apenas por serem gordas – o que chamamos de gordofobia – e não é este o objetivo. A obesidade infantil pode ter um fator genético que impacta na evolução da doença, mas existe um fator importante que muitas pessoas têm deixado de lado: o fator emocional e psicológico da criança.
Por isso, quero falar aqui sobre a importância de se construir uma relação saudável entre a criança e sua alimentação.
Vamos conversar sobre isso?
Como estabelecer uma relação saudável com a alimentação
Vamos pensar em um exemplo:
Maria é uma criança que não gostava de comer toda a comida do prato e que, mesmo assim, o cuidador ou cuidadora a fazia comer a comida toda. Ela está tendo problemas em construir amizades na escola, o que a deixa frustrada e ansiosa. Maria foi acostumada a se alimentar assistindo vídeos no tablet e, com o passar do tempo, foi comendo toda a comida do prato…mas sem ter consciência do que ingeria. O resultado foi o aumento de peso substancial.
Neste exemplo, podemos notar uma saúde mental abalada pela frustração (sim, crianças podem ter sua saúde mental afetada!) e uma divergência entre o limite de alimento que Maria sentia que deveria comer e que a pessoa cuidadora acredita que ela deveria comer.
Acontece que ela não comia toda a comida porque já se sentia saciada com menos. Porém, com a constante insistência da pessoa cuidadora – possivelmente acreditando que a quantidade poderia ser benéfica para Maria – e a influência da tela que limita sua atenção durante a refeição, ela abandona a sensação de saciedade e a substitui pelo “precisar comer”.
Percebe a construção de uma relação não saudável entre Maria e a alimentação?
Para contornar essa situação, existem algumas práticas possíveis para os cuidadores de Maria:
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ensiná-la a identificar sua saciedade novamente;
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matriculá-la em um esporte para aumentar a possibilidade de socialização com outras crianças da sua idade e, de quebra, exercitar o seu corpo;
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retirar ou diminuir o uso de telas durante a refeição para ela ter atenção no que está ingerindo;
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introduzir alimentos ricos em vitaminas e minerais em suas refeições para garantir a reposição de nutrientes;
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estabelecer uma rotina alimentar para evitar pular refeições e consumir alimentos ricos em açúcares, sódio ou industrializados;
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garantir que ela tenha uma boa noite de sono para repor as energias.
Se você acredita que a relação da sua criança com a alimentação pode estar desequilibrada e gostaria de uma ajuda neste momento, meu consultório está de portas!