O Abril Azul é um mês dedicado à conscientização e à disseminação de informações sobre um tema muito caro para nós: o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Mais do que sensibilizar a sociedade, essa mobilização reforça a importância do diagnóstico precoce e, especialmente, do diagnóstico tardio – uma realidade para muitas pessoas. Vamos falar mais sobre por que esse diagnóstico é tão fundamental, mesmo que tardio.
O TEA em cada fase

Caracterizado por déficits persistentes na comunicação e interação social, além de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, os sintomas do TEA se manifestam desde a primeira infância e podem impactar significativamente o funcionamento diário dos indivíduos.
Já na vida adulta, os desafios persistem, especialmente em relação à independência. A rigidez comportamental e a dificuldade com mudanças podem limitar o desenvolvimento de uma vida autônoma, e, mesmo sem deficiência intelectual, muitos adultos com TEA apresentam dificuldades psicossociais, enfrentando barreiras para manter um emprego remunerado ou viver de forma independente.
Além disso, o processo de envelhecimento desses indivíduos costumam levantar preocupações da rede de apoio, já que o isolamento social e os problemas de comunicação podem ter consequências negativas na saúde, especialmente pela dificuldade em buscar ajuda.
Motivos para diagnósticos tardios do TEA

Embora muitos sintomas do Transtorno do Espectro Autista (TEA) sejam aparentes desde a infância, o diagnóstico tardio (apenas na adolescência ou até na vida adulta) ainda é mais comum do que deveria. Isso ocorre, em parte, devido ao capacitismo, ou seja, o preconceito contra pessoas com deficiências, que pode dificultar o reconhecimento dos sinais do TEA.
Além disso, o amplo espectro de possíveis diagnósticos também pode se tornar um obstáculo. Para se ter uma ideia da dimensão, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que aproximadamente 70 milhões de pessoas no mundo sejam autistas, sendo cerca de 2 milhões apenas no Brasil.
Se pensarmos que pessoas autistas precisam lidar com desafios sociais e pessoais cotidianos mesmo com o diagnóstico e tratamento, consegue imaginar o sofrimento de uma pessoa que desconhece o diagnóstico e coloca sobre si a culpa de não conseguir se encaixar na sociedade?
É por este motivo que é importante defender o diagnóstico, mesmo que tardio. Com um acompanhamento multiprofissional e interdisciplinar, é possível aumentar a qualidade de vida de uma pessoa autista, independente da idade e do nível de suporte.
Temos exemplos de crianças que apresentam grandes evoluções sociais e escolares, assim como adultos que começam a nomear sintomas e reações até o momento desconhecidas, mas que agora começam a fazer sentido.
Como diagnosticar

Existem 5 principais critérios para diagnosticar o TEA:
1) Déficits persistentes na comunicação social e na interação social;
2) Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades;
3) Sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento ;
4) Sintomas causam prejuízos clinicamente significativos no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo presente;
5)Essa perturbações não são mais bem explicadas por transtorno do desenvolvimento intelectual ou por atraso global do desenvolvimento
Isso significa que se você tem dificuldades para sentir empatia, ou para se comunicar verbalmente ou manter relacionamentos duradouros, você é autista? Não necessariamente, porque nenhum sintoma é lido de forma independente.
Um dos principais recursos usados para diagnosticar o TEA na atualidade é a avaliação neuropsicológica: um exame realizado por um(a) psicólogo(a) especialista em neuropsicologia, com o objetivo de investigar e descrever o perfil cognitivo do(a) paciente. Esse processo avalia possíveis alterações cognitivas associadas às desordens neuropsicológicas e outros transtornos, auxiliando no diagnóstico e no planejamento terapêutico.
Convido você a entender melhor sobre a importância da avaliação neuropsicológica clicando aqui.
Caso persista suas dúvidas ou tenha interesse em marcar uma consulta, meu consultório está de portas abertas! Ficarei feliz em poder ajudar.
Escrito por Dra. Gabriela Pavan e Daniel Salvador.